Presidente do Banco Central Sinaliza: PIX Pode se Tornar Alternativa ao Cartão de Crédito
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, compartilhou ontem sua visão sobre o contínuo desenvolvimento do PIX, um sistema de transferência instantânea de fundos.
Ele considera a possibilidade de que o PIX possa, em um futuro próximo, oferecer uma alternativa ao uso tradicional de cartões de crédito.
Essa discussão surge logo após a declaração de Campos Neto de que o Banco Central está explorando maneiras de reduzir a inadimplência associada ao uso do cartão de crédito rotativo. Esse cenário ocorre quando os titulares de cartões não liquidam o montante total da fatura e, em vez disso, rolam o débito para o mês seguinte.
Dentre as abordagens propostas, uma delas é a eliminação do uso contínuo do crédito rotativo nos cartões, substituindo-o por opções como parcelamento do saldo devedor com juros mais baixos. Outra sugestão é a aplicação de uma tarifa para compras parceladas com prazos mais longos.
Durante sua participação no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap), Campos Neto enfatizou a importância do desenvolvimento das políticas do PIX crédito como parte da estratégia para oferecer alternativas aos consumidores.
A proposta visa equilibrar as opções disponíveis para que o cartão de crédito continue sendo viável e útil.
Apesar da intenção de incorporar o PIX como uma opção de crédito, detalhes específicos sobre a operação do PIX nesse contexto ainda não foram oficialmente lançados, visto que o produto está em fase de desenvolvimento. A ideia central é permitir que os bancos ofereçam empréstimos através do PIX, inclusive com opções de parcelamento semelhantes às encontradas nos cartões de crédito atuais.
Quanto à discussão sobre o crédito rotativo do cartão de crédito, Campos Neto mencionou que recebeu críticas construtivas por ter adiantado os estudos nesse sentido. Ele não especificou quem o abordou, mas destacou que a análise desse tema ocorre em colaboração com o Ministério da Fazenda, bem como com associações do setor financeiro e instituições bancárias.
Campos Neto observou que houve um rápido aumento na emissão de novos cartões de crédito em um curto período de tempo, resultando em um aumento significativo no número total de cartões em circulação.
O aumento exacerbou o uso do parcelamento sem juros, levando a uma transição frequente para o crédito rotativo e, consequentemente, contribuindo para altos níveis de inadimplência.
Ele também salientou que as taxas de juros associadas ao crédito rotativo podem chegar a até 800% ao ano para novos titulares de cartões. Isso acaba criando um ciclo de dívidas onerosas para aqueles que não têm histórico prévio com a instituição financeira.
Em última análise, o presidente do Banco Central defendeu a busca por um equilíbrio no sistema de cartões de crédito, destacando que vendas parceladas são responsáveis por 40% das transações no país.
No entanto, ele ressaltou que, se não forem tomadas medidas, o mercado de cartões de crédito poderia enfrentar problemas significativos, afetando a economia e as vendas no futuro.
Fonte: G1