Saques na Poupança Ameaçam Prejudicar o Ritmo do Crédito Imobiliário: Alerta Caixa Econômica
O cenário prolongado de retiradas de valores da caderneta de poupança está colocando em risco a continuidade das concessões de crédito imobiliário pelo menos até o final de 2024, conforme destacaram os representantes da Caixa Econômica nesta quinta-feira (17).
Maior instituição financeira a fornecer empréstimos para a aquisição de imóveis no país, detendo cerca de dois terços do mercado, a Caixa sofreu uma diminuição líquida de aproximadamente R$50 bilhões em sua poupança ao longo de um período de 12 meses, até junho.
"A situação é motivo de preocupação", afirmou Maria Rita Serrano, presidente-executiva da Caixa, ao falar com jornalistas durante a divulgação dos resultados financeiros do segundo trimestre.
A caderneta de poupança representa a fonte primordial de recursos para o financiamento imobiliário através do SBPE, o segmento mais crucial do mercado nesse setor.
No momento, a poupança oferece um rendimento de cerca de 8,4% ao ano.
Apesar disso, o banco estatal tem até agora conseguido manter sua dinâmica, já que tem implementado taxas de juros inferiores à média do mercado.
Consequentemente, ao final do primeiro semestre, a carteira total de crédito imobiliário da Caixa alcançou a marca de R$ 682,8 bilhões, após registrar um aumento de 15% ao longo de um ano.
A Caixa ainda mantém expectativas de crescimento nos próximos meses, especialmente impulsionada pelas linhas de crédito subsidiadas do programa Minha Casa Minha Vida, além dos recursos provenientes do FGTS.
Banco Central
De acordo com Maria Rita, a redução dos recursos na poupança está relacionada ao patamar elevado da taxa básica de juros, o que tem levado os investidores a buscarem ativos mais rentáveis.
Mesmo com a recente queda da taxa Selic, de 13,75% para 13,25% ao ano, e as indicações de futuras reduções, as projeções do mercado indicam que a taxa deve permanecer acima de dois dígitos, pelo menos até o encerramento de 2024.
"Por enquanto, estamos diversificando nossas fontes de recursos", explicou Marcos Brasiliano, vice-presidente de finanças da Caixa, à Inteligência Financeira.
No entanto, compreendendo que essa é uma solução de caráter temporário, o banco já iniciou conversas com o Banco Central sobre alternativas mais sustentáveis para essa situação.
"Acreditamos que existe a possibilidade de uma redução no depósito compulsório", afirmou Maria Rita.
O compulsório é uma parcela do montante de depósitos que os bancos são obrigados a destinar diariamente às reservas do Banco Central.
Os executivos ressaltaram que as discussões nessa direção ainda estão em estágios iniciais.
Fonte: Inteligência Financeira